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Resfriamento muscular para evitar os danos musculares e a queda na performance da atividade física causados pela Dor muscular de início tardio. (Relato de Caso).

Os praticantes de uma atividade física e até mesmo as pessoas sedentárias, já sentiram alguma vez na vida um quadro de dor muscular de início tardio, principalmente após a realização de um movimento diferente daquele ao qual estão acostumados, ou a uma intensidade muito alta. A dor muscular tardia é caracterizada por um desconforto e/ou dor na musculatura esquelética que ocorre algumas horas depois e após a realização do exercício.

            A utilização da técnica crioterápica é muito utilizada por profissionais da área de saúde para o tratamento de lesões ocasionadas com a prática de uma atividade física, rebaixando a temperatura dos tecidos.

             Com o resfriamento muscular imediato ao término do exercício físico intenso, ocorre uma manutenção no desempenho físico nas horas determinadas críticas da patologia conhecida como dor muscular de início tardio.

 

Dor muscular de início tardio (D.O.M.S.) – Conheça um pouco mais sobre esta patologia

Apesar da grande quantidade de pesquisas científicas, ainda estão indefinidos quais são os mecanismos responsáveis pelo surgimento da dor muscular tardia. As primeiras teorias propuseram um estresse mecânico, sendo um dano físico causado pelo aumento da tensão no aparelho contrátil, estresse metabólico, quando o acúmulo de produtos metabólicos tóxicos, devido ao alto metabolismo, dano estrutural aos tecidos, causado pelo aumento da temperatura muscular e controle neuromuscular alterado, produzindo espasmos que por sua vez causariam a dor, como os possíveis fatores envolvidos na etiologia da dor muscular tardia.

Este artigo se prende na hipótese de que os danos causados à estrutura muscular, devido à prática de contrações musculares de alta intensidade sendo este estresse mecânico, desencadeando uma resposta inflamatória, denominado de estresse metabólico, a qual é a principal responsável pela dor tardia no grupo muscular exercitado.

Os grupos musculares afetados são freqüentemente descritos como rígidos e sensíveis à palpação, com uma reduzida capacidade de gerar força e com amplitude de movimento também diminuída. Ocorre ainda uma diminuição no nível de performance física pela relutância do indivíduo em contrair seus músculos, devido à sensação dolorosa ou da real redução na capacidade de produção de força pela musculatura afetada.

            Pode-se explicar a dor muscular de início tardio com um relacionamento entre a alta tensão exercida no músculo e os danos estruturais, decorrentes dessa ação. Forças mecânicas elevadas, particularmente durante contrações excêntricas, causam distúrbios nas proteínas estruturais encontradas nas células musculares e nos tecidos conectivos. Associado a estes fatores, danos estruturais no sarcolema são acompanhados por um influxo de íons cálcio do interstício para o interior da fibra muscular, resultando em níveis elevados de cálcio intracelular.

Qualquer movimento ou palpação externa poderia intensificar os pequenos aumentos em pressão intramuscular devido ao edema, proporcionando um estímulo mecânico para a hipersensibilidade dos receptores de dor.

Após uma atividade física intensa os melhores indicadores de ruptura na estrutura da célula muscular são as elevações dos níveis de CK (creatina quinase) e Mb (mioglobina) apresentam uma elevação 24, 48 e 72 horas após a carga de exercício, a concentração destas substâncias no sangue é observada paralelo com a presença de dor muscular severa.

            Os receptores de dor são terminações nervosas livres que são excitadas por estímulos mecânicos, químicos e térmicos. No tecido muscular, diversas substâncias bioquímicas liberadas pelas células danificadas, podem ativar receptores químicos e causar dor.

            Antes de recentes estudos havia uma relação entre as respostas motoras involuntárias, como o espasmo muscular, com a dor muscular tardia, pois este espasmo estimularia constantemente os receptores de dor e causaria isquemia no local. Estudos atuais indicam que não ocorre dor muscular induzida por espasmos, uma vez que o sinal eletromiográfico não se altera entre as condições de pré- e pós-exercício, sendo sugerido a formação do edema mais do que a ocorrência do espasmo, o responsável pelo aumento no volume da perna pós-exercício e na percepção de dor.

 

Crioterapia - Conheça um pouco mais sobre este tratamento

            A crioterapia quando aplicada no corpo humano desencadeia inúmeras respostas fisiológicas, sendo que para obter os benefícios terapêuticos, a temperatura da pele deve cair para aproximadamente 13,8 ºC para que ocorra a redução ideal do fluxo sanguíneo local, e para cerca de 14,4 ºC para que ocorra a analgesia.

            As respostas fisiológicas variam bastante de acordo com a situação na qual estão sendo usadas, podendo apresentar aumento da rigidez tecidual, melhora da propriocepção, vasocontrição, diminuição da taxa de metabolismo celular, queda na produção de resíduos celulares, redução da inflamação e da dor, regressão do espasmo muscular, diminuição no sangramento e edema no local da lesão, alterações nas fibras musculares, perda na velocidade da atividade das enzimas degradantes da cartilagem, liberação de endorfinas, normalização do fuso muscular, o tecido conjuntivo torna-se mais firme, aumenta a amplitude de movimento e quebra do ciclo dor-espasmo dor.

            O resfriamento muscular realizado com o gelo aplicado nos tecidos inflamados, intervem no ciclo transudato exsudato, reduzindo os níveis de fluido do transudato e da taxa metabólica A diminuição da temperatura também diminui a sensibilidade dos tecidos permitindo a realização dos exercícios ativos e passivos, que retiram mecanicamente o exsudato e o transudato dos tecidos.

Materiais e métodos Utilizados neste Relato de Caso

O presente trabalho foi realizado em um indivíduo adulto, pesando 88 kg, altura de 1,81 metros, praticante de atividade física com uma freqüência de três vezes por semana e sem qualquer lesão músculo esquelética.

            Para a mensuração das amplitudes de movimentos da articulação do joelho foi utilizado o goniômetro, e na realização dos exercícios e a avaliação de intensidade de força foram necessários, aparelhos de flexão e extensão de joelhos. Na realização da crioterapia, uma grande quantidade de gelo triturado foi envolvida na região muscular trabalhada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O indivíduo foi submetido a um questionário para percepção subjetiva da dor e da rigidez muscular, e a uma avaliação física durante e após os protocolos de exercícios de flexão e extensão dos joelhos sem o tratamento e com o tratamento.

            O protocolo de exercício é composto por três séries de 12 repetições, a 80% da carga máxima, sendo observado dores musculares 24, 48 e 72 horas após o exercício.

      O tratamento para minimizar ou eliminar os sintomas da dor muscular de início tardio foi à aplicação do um resfriamento muscular (Fig. 3) de 20 minutos em cada perna trabalhada logo após o término do protocolo de exercício e duas horas após a primeira aplicação do tratamento, nesse resfriamento utiliza-se de uma compressão e um deslizamento de distal para proximal com o gelo juntamente com uma elevação do membro tratado.

 

 

 

Figura 3: Realização de um resfriamento muscular logo após a uma atividade física e duas horas após a primeira aplicação. Juntamente com uma elevação, compressão e deslizamento distal para proximal do gelo no membro tratado.

 

 

Resultados

 

             As respostas do paciente ao tratamento foram as melhores possíveis, eliminando totalmente a dor muscular (Fig. 4A) e toda a rigidez nos grupos musculares tratados, sendo que, o pico da dor muscular tardia e da rigidez nos músculos é entre 24 e 72 horas após os exercícios.

 

 

            O paciente após o protocolo de tratamento manteve, ou teve um pequeno declínio na sua capacidade física, comparando com a prática de uma atividade física intensa sem um resfriamento muscular.

            A força muscular isométrica máxima teve um declínio acentuado após o exercício sem um tratamento, sendo esta queda muito pequena quando submetido ao tratamento de resfriamento muscular.

Já na os dados colhidos na repetição máxima sem tratamento mostram que houve uma diminuição na força muscular, não ocorrendo essa perda após o resfriamento no músculo.

As amplitudes de movimentos dos joelhos após os exercícios obtiveram uma diminuição principalmente no horário de pico da dor, já com o tratamento de resfriamento muscular esta queda foi muito pequena.

No resfriamento muscular ocorre uma vasoconstrição, evitando assim o extravasamento de líquido para fora da célula muscular causado pelo exercício físico intenso, impedindo que aumente a acidez do local, reduz a estimulação dolorosa causada por substâncias liberadas pelos macrófagos, fazendo com que o retorno à atividade física seja mais rápido por não deixar ocorrer alterações musculares ou pela recuperação ter sido mais acelerada.

            Nas amplitudes articulares as angulações foram quase mantidas na normalidade a, isso devido à eliminação da dor e rigidez muscular causada pela inflamação e edema no grupo muscular acometido.

            Comparando as contrações isométricas, concêntricas e excêntricas na flexão e extensão dos joelhos, após a atividade física intensa sem a utilização de um tratamento, e com a utilização de um tratamento proposto neste trabalho, foi observada uma grande diferença no desempenho físico dentro dos horários em que a patologia se encontra mais acentuada.

 

Conclusão

 

            A região muscular afetada é descrita como rígida e sensível ao toque, com uma reduzida capacidade de gerar força e com a amplitude de movimento do segmento também diminuída. Ocorre ainda uma diminuição no desempenho físico pela luta entre seus músculos em contrair-se, devido à grande sensação dolorosa ou a verdadeira redução na capacidade de produzir força pelos músculos em questão.

            A dor de início tardio acaba sendo provocada por algumas alterações nas estruturas das células, gerando um edema e em seguida uma inflamação, para posteriormente uma reparação deste tecido lesado. Sendo que a aplicação do frio, em foco neste trabalho o resfriamento muscular, suprimem a resposta inflamatória e liberações de mediadores inflamatórios não deixando acometer estruturas próximas á estas lesões.

            Proporcionando assim, no indivíduo pouca ou nenhuma diminuição no desempenho físico, na amplitude dos movimentos e evitando totalmente a rigidez e as severas dores musculares após uma atividade física intensa.

            Deve ser enfatizado que o treinamento físico periódico e altamente específico, não somente para o grupo muscular envolvido no exercício, mas também para o tipo de contração e padrão de movimentos executados, provavelmente irão aumentar a resistência da fibra muscular ao dano estrutural. Um aumento na quantidade de tecido conectivo, observado após um período de treinamento físico, irá também aumentar a resistência muscular e minimizar as possibilidades de danos à estrutura miofibrilar e, conseqüentemente, diminuir a ocorrência de dor muscular tardia.

 

 

Fonte: Resfriamento Muscular para dimiuir os efeitos deletérios da dor muscular de início tardia (Ft. Siqueira, Rodrigo Moraes de)

 

        

 

 

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