*Atendimento a Domicílio
FISIOTERAPIA SIQUEIRA
Dr. Rodrigo Siqueira
CREFITO/3: 66173-F
Impacto Fêmoro Acetabular e Lesões do Labrum
O termo Impacto Fêmoro Acetabular (I.F.A.) refere-se a uma alteração do formato e do funcionamento biomecânico do quadril. Nesta situação, ocorre contato ou deslizamento anormal entre o fêmur e o acetábulo.
Estas alterações morfológicas- quando associadas à outros fatores - podem levar a uma lesão do labrum acetabular ou mesmo da cartilagem de revestimento.
O labrum é uma fibrocartilagem situada na periferia da articulação do quadril e tem papel fundamental para o bom funcionamento desta. Veja um exemplo na figura abaixo:
Esta patologia tem sido cada vez mais diagnosticada e estudada. É mais comum principalmente em corredores e praticantes de esportes que envolvem flexão e rotação dos quadris, como no tênis, futebol e artes marciais. Mas não ocorre exclusivamente em atletas.
As lesões do labrum acetabular podem ocorrer abruptamente em decorrência de trauma, como após uma luxação de quadril, por exemplo, ou lentamente, através do desgaste e rompimento de suas fibras devido ao trauma de repetição das atividades de impacto.
A lesão labral decorrente do IFA é considerada evolutiva e possivelmente pré artrósica, ou seja, pode causar a longo prazo uma deterioração da cartilagem.
O tratamento é decidido caso-a-caso e pode envolver fisioterapia, modificações de atividade física, R.P.G., Pilates, medicamentos ou cirurgia.
Existem basicamente três tipos de impacto: Cam , Pincer e Misto.
O impacto tipo Cam ocorre secundariamente à alteração na transição entre o colo e a cabeça do fêmur. Existe uma espécie de “lombada” ou "calo" na região que colide contra a margem da articulação em determinados movimentos. Este impacto leva a lesão labral e mais tarde ao descolamento da cartilagem do acetábulo.
Esta deformidade geralmente surge durante a adolescência em decorrência de um pequeno escorregamento na cartilagem de crescimento da cabeça femoral (chamado epifisiolistese ou epifisiólise), que pode ser totalmente assintomático em alguns casos, gerando sintomas somente anos ou décadas após seu estabelecimento.
No impacto do tipo Pincer a alteração está no lado acetabular. Normalmente há um excesso de cobertura ou um “erro de rotação” na pelve. Ocorre impacto da margem do acetábulo diretamente no colo femoral. Ocorre na evolução uma lesão labral que pode calcificar-se (aumentando ainda mais o excesso de cobertura) e uma lesão cartilaginosa secundária.
O impacto do tipo Misto é o mais comum. Está presente em 80% dos casos de impacto e reúne algumas características dos dois anteriores (Cam e Pincer) em graus variados.
Veja os tipos de impacto na figura abaixo:
Quais são os sintomas do impacto fêmoro-acetabular?
Geralmente os primeiros sintomas são fisgadas ou travamentos no quadril. Estes sintomas podem surgir em movimentos como entrar e sair do carro, ao levantar-se da cama, ao calçar sapatos, etc.
Pode haver desconforto também após ficar muito tempo sentado ou andando. A dor localiza-se mais frequentemente na parte profunda na frente da virilha, na "raiz da coxa". A figura acima ilustra a região mais apontada como origem da dor. Ela se localiza profundamente, no "encontro" dos dedos.
Normalmente estes “travamentos” são auto-limitados e a pessoa com o tempo consegue identificar e evitar as posições que causam a dor. Pode haver clique e/ou estalido local.
Como diagnosticar o impacto fêmoro acetabular ou a lesão labral?
Através da avaliação colhemos dados que permitem chegar a uma elevada suspeita da existência destas lesões.
Geralmente com alguns exames complementares que permitem confirmar o diagnóstico da lesão. De acordo com a avaliação inicial podem ser indicadas radiografias, ressonância ou artroressonância (com injeção de contraste articular) ou tomografia com reconstrução 3D para diagnóstico do médico para um planejamento de um tratamento conservador ou cirúrgico.
Via de regra o quadro clínico é bem característico, mas outras patologias (de outros sistemas) também podem causar dor inguinal. Em alguns casos o diagnóstico pode não ser tão evidente e podem ser necessários outros exames e avaliações com especialistas de outras áreas.
Como é o tratamento para o impacto fêmoro-acetabular?
Inicialmente indicado medicações para alívio da dor, mudança de atividade física e fisioterapia.
A maioria dos casos melhora com o tratamento não cirúrgico, mas pode ser necessária uma mudança mais definitiva nos hábitos de vida.
Tratamento Conservador
Um dos tratamentos conservadores do IFA é o método Pilates. Através da ativação de músculos estabilizadores lombopélvicos, os exercícios são adaptados de acordo com a limitação do aluno, este não deve sentir dor durante a execução dos exercícios ou após a aula. Alguns cuidados devem ser tomados com o aluno com IFA: o professor deve evitar movimentos de flexão, abdução e rotação interna completas do quadril, uma vez que estes movimentos aumentam a pressão intra-articular e a dor. Também é imprescidível que se fortaleça os glúteos médio e mínimo para a maior estabilidade lombopélvica. Alguns alunos podem sentir dor na região lateral do quadril, agravada quando em decúbito lateral. Não esqueça de solicitar a ativação correta do powerhouse, apesar de ser um princípio básico no método, muitos professores esquecem da centralização e seus alunos realizarem os exercícios como qualquer outra atividade física de fortalecimento e alongamento. Mesmo através de medidas conservadoras, o paciente pode evoluir para o tratamento cirúrgico com o objetivo de evitar a osteoatrose precoce, uma das cirurgias realizadas é por via artroscópica.
A comprovação científica do efeito do método Pilates está diretamente relacionada com a manutenção dos seus 6 princípios. Então antes de indicar um exercício super elaborado para seu aluno, lembre-se “Menos é mais.”
Os seis princípios do Pilates
1. Centro de Força (Powerhouse): o método Pilates tem grande preocupação com este princípio. Ele leva em consideração toda a parte abdominal, tanto na parte anterior quanto posterior. Segundo o princípio do exercício, qualquer movimento só pode ser iniciado após a ativação do centro de força do corpo. A finalidade aqui é deixar a musculatura bem trabalhada para diminuir a sobrecarga na região lombar.
2. Concentração: os exercícios no Pilates não devem ser focados apenas nos músculos que estão sendo trabalhados no momento. A concentração deve se manter no corpo inteiro para que o praticante tenha consciência total sobre o mesmo. Segundo este princípio, ao concentrar em todo o corpo durante o exercício evita-se as lesões.
3. Controle: este princípio visa também a preocupação com todo o corpo em uma aula de Pilates. O praticante deve ter o domínio dos movimentos das regiões musculares para tentar atingir a execução ideal dos exercícios.
4. Fluidez: os movimentos do Pilates precisam ser realizados de forma harmoniosa, coordenada e sem movimentos bruscos. Não há interrupções entre os exercícios para que esta dinâmica seja respeitada.
5. Precisão: todo e qualquer movimento em uma aula de Pilates tem uma forma muito específica de ser realizada para que não haja gastos desnecessários de energia.
6. Respiração: todos os exercícios do Pilates são realizados com uma inspiração e expiração completas, em sintonia com os movimentos. O controle da respiração é outro princípio muito importante neste método.
Tratamento Cirúrgico
Nos casos em que não há resolução após o tratamento conservador indica-se a cirurgia para abordagem da lesão anatômica do labrum ou cartilagem e para correção da deformidade óssea que ocasionou a lesão. Abaixo, veja imagens do tratamento artroscópico.
A indicação para o tratamento é bastante individualizada. Depende de vários fatores, entre eles a localização e gravidade das lesões, nível de atividade pretendido pelo paciente, presença ou não de lesões de cartilagem, etc.
O tratamento destas lesões iniciou-se com cirurgia convencional, aberta. Na última década houve uma grande evolução da cirurgia artroscópica (por vídeo) no tratamento destas lesões.
Hoje podemos tratar esta patologia cirurgicamente usando incisões de cerca de um centímetro cada, ressecando ou reparando as lesões encontradas através de pequenas cânulas e uma micro-câmera de vídeo.
Cada caso deve ser analisado em detalhes pois a artroscopia apresenta algumas limitações técnicas. Sem dúvida alguns casos ainda são melhores tratados pela técnica cirúrgica convencional. Cada técnica tem a sua melhor indicação.
Obviamente toda cirurgia apresenta riscos. Os prós e contras devem ser ponderados e esclarecidos junto ao cirurgião antes de se tomar qualquer decisão sobre o tratamento.
Após a cirurgia é necessário o uso de muletas por duas a seis semanas, de acordo com a gravidade da lesão e com os procedimentos realizados durante a cirurgia.
Um extenso programa de reabilitação fisioterápico é necessário. Estatisticamente, até 80% dos pacientes conseguem voltar aos esportes depois da cirurgia.
Em resumo, o fisioterapeuta tenta estabelecer protocolos de reabilitação os quais devem seguir alguns princípios básicos que incluem:
1) Limitação de certos movimentos para permitir a cicatrização das partes moles
2) Controlar o inchaço e dor impedindo a atrofia muscular e limitação de movimentos
3) Iniciar a amplitude de movimentos precocemente
4) Iniciar a carga parcial aumentando-a progressivamente de forma específica para cada tipo de cirurgia realizada
5) Iniciar o controle neuromuscular precocemente assim como a atividade muscular
6) Fortalecer a extremidade inferior progressivamente assim como reconsquistar a propriocepção do membro operado
7) Reabilitação e recondicionamento cardio- vascular
8) Treinamento personalizado para retorno ao esporte específico
Fontes: http://www.medicinadoquadril.com.br/site/impacto-femoro-acetabular-e-lesoes-do-labrum/
https://www.jbaonline.wordpress.com/2010/02/08/reabilitacao-do-impacto-femoro-acetabular-2/
http://www.fisiostudiopilates.com.br/pilates-no-impacto-femoroacetabular/
http://www.espacoergo.com.br/blog/os-seis-principios-do-pilates/






